Ilustrado por: Mariane Brandelero Flores
Quando se perde a vontade de viver, algo não está certo, e eu, aos 37 anos, com uma
super obesidade, estava em um nível extremo de depressão e ansiedade, sem saber o que fazer, esperando a morte chegar, inclusive tinha pensamentos suicidas. Sentia que não tinha mais significado lutar pela minha vida, até que, uma noite, após estar há seis sem dormir, tive uma conversa com Deus, pedindo que, se fosse para continuar do jeito que estava, ele não permitisse que eu acordasse. Ao amanhecer, obtive a resposta que precisava para seguir em frente.
Despertei com uma disposição descomunal e uma vontade imensa de viver. Na mesma semana marquei um horário com um cirurgião gástrico. Após a consulta, vendo a possibilidade de realizar a cirurgia bariátrica, comecei meu tratamento com a psicóloga e com a nutricionista, já que o plano de saúde exigiu um laudo para encaminhar minha cirurgia. O que eu não imaginava é que o tratamento com a psicóloga seria um divisor de águas e traria à tona tudo aquilo que eu carregava comigo, consciente e inconscientemente, de abusos sofridos na infância, bullying pela aparência e condição social e relacionamento abusivo após adulta, sem imaginar o quanto isso mudaria minha vida.
Nesse tratamento, aprendi a perdoar pessoas que não estão mais aqui e as que estão, mas que nunca pediram perdão. Aprendi a me valorizar e a ter amor-próprio depois do amor dedicado a Deus. Após todos os exames feitos e laudos entregues, saiu a minha cirurgia. Foram momentos tensos, pois eu estava com 147 kg (cheguei a pesar 156 kg). Foi uma cirurgia bem complicada e muitas pessoas diziam que eu ia morrer na mesa cirúrgica, mas para quem já havia desistido da vida, do jeito que eu estava não teria durado muito mais que um ano.
Em 1 ano e 6 meses, eliminei 83 kg, e agora, três anos após a cirurgia, estou estabilizada, no peso ideal para meu IMC, e superando todos os obstáculos que surgem na minha vida, inclusive o de me reconhecer nesse corpo magro, que nunca havia tido na vida. Somente agora, 3 anos depois, consigo me identificar como eu mesma. Nos dois primeiros anos da transição, só conseguia me identificar com a aparência antiga. Hoje, aos 40 anos, vivo a melhor fase da minha vida, pois aprendi que não escolhemos que fazem conosco, mas podemos escolher o que fazer com isso, basta reconhecer que precisamos de ajuda e nunca desistir. Principalmente, precisamos manter a fé!
Autor(a): Miriam Rigo Demori.
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